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Decisivo...
Ter vida de jornalista tem
seus prós, principalmente no esporte. Você acaba tendo acesso aos atletas (na
maioria dos casos!), pode saber o que pensam, o que têm a dizer sobre
determinado assunto, enfim, somos porta-vozes de suas emoções! Porém, esta vida
também deixa à mostra o verdadeiro ônus de quem é passional demais. Quem me
conhece, não tem dúvidas disso. Não poder mostrar suas emoções (pelo menos em
público durante o seu trabalho) é uma das tarefas mais ingratas deste meio
profissional. E em Roland Garros quando tem brasileiro em quadra? Como faz?
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| Bruno Soares e Marcelo Melo mostram que o Brasil pode contar também com as duplas! |
Bom,
acho meu jeitinho... Sem representantes nas simples, o foco é [e não vou falar
"resta agora" porque seria muito injusto e um desrespeito ao
potencial de nossos duplistas] a dupla! Quais? Marcelo Melo a Bruno Soares não
jogam mais juntos, porém isso não quer dizer que não venha a torcer para ambos
separadamente. E a recíproca vale para os dois, que se apoiam mesmo como
adversários no circuito! Até o simpático e experiente André Sá, que de muletas
por conta da lesão na panturrilha, dá apoio aos amigos! Ê, terra boa essa de
Minas sô! Três duplistas de primeira linha!
Não
resisto! Saio da sala de imprensa e vou à "rua", como cita o
grandioso Ricardo Kotscho em sua obra "Técnicas de Reportagem". Lugar
de repórter é na rua, é no cerne da coisa. No meu caso, vai além do âmbito das
duas maiores quadras... Chego e me sento ao lado de uma legião de brasileiros
no jogo de Melo. Para evitar confusão, mantenho-me discreto, comemorando por
dentro... engolindo o gosto amargo de não poder torcer com vontade. Dos meus
tempos de louco apaixonado nos estádios de futebol. Ah, como sofro...
Há
momentos em que não aguento, confesso, solto um: "Vamo, Marcelo!" ao
lado do irmão e técnico Daniel, de André e dos vários torcedores verde-amarelos
no local. Saindo dali, já me dirijo à entrevista amarga da bela Ivanovic, que
mais uma vez tomba precocemente em seu Grand Slam favorito. Mesmo desapontada,
mantém toda sua classe e simpatia! Um verdadeiro exemplo!
Logo
depois, sigo para a quadra número 10. Depois de Marcelo, agora é a vez de
Bruno. Chego e ele e Eric Butorac estão perdendo. Nossa, como é importante essa
vitória para um passo a mais para as Olimpíadas. Isso é o que me falou Marcelo
em sua entrevista. Bruno está visivelmente irritado, não consegue se acostumar
ao saibro pesado [o tempo nublado e a umidade deixam o piso mais lento, o que
não é bom para ele] e, pra variar, Granollers e Montanes estão em um dia
inspirado. No entanto, lá estou ao lado de uma galera "empurrando"
Bruninho. A cada erro, solto um: "Não", "putz, o cara de lá é
mais largo que..." e seus derivados.
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| Sábado é o dia de renovar a credencial. Bora torcer... |
Felizmente,
Bruno e Eric conseguem a virada e fecham o dia com chave de ouro para o Brasil.
E, eu, às vezes com a credencial camuflada em um momento de vibração contida,
sinto-me mais revigorado. Consegui em uma fração de minutos aqui me sentir como
torcedor novamente. Não tem preço! Em seguida, volto para a sala na Chatrier
com a CREDENCIAL à vista. Ah, já estou preocupado porque amanhã é o dia para
renová-la!
Volto
para o metrô pensativo e querendo que o dia seguinte chegue logo. Afinal, foram
dias, meses, anos lutando para estar aqui, em um dos maiores palcos do esporte
mundial e logo em uma cidade no charme todo de Paris. Hoje, já estou em Roland
Garros e entreguei para a banca os 30 artigos que redigi durante minha estadia
desde o último dia 22 de maio. Fiz minha parte, tenho certeza disso!
Tenho
esperanças de que me deixem completar o sonho da cobertura por completo... será
muito ingênuo de minha parte? Talvez, mas se não vir, terão muito tempo para
ler as 50 folhas, mais ou menos, que preparei com muito carinho e dedicação.
Enquanto isso, já completei meu segundo desejo como
'metade-fã-metade-jornalista' - Melo está nas quartas de final em duplas aqui
em Paris. E que jogo!
O
que vem agora? Ainda não sei. Só sei que ainda estou vivo.. e credenciado!
Vamos torcer!
Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
02/06/2012


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