quinta-feira, 31 de maio de 2012

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Français? Aqui é português!

Prometo um dia, entro em contradição no outro... vai entender! O ideal dessa viagem era “um dia off”, como diz a simpática Lucia Hoffman no momento em que me acompanha no jantar após outro dia agitado em Porte D’Auteuil!


Às 20h, decidimos zarpar do mundo do tênis- que teve Azarenka, Federer, a doce Ivanovic e a nem tão inesperada derrota de Venus Williams – para apreciarmos um pouco da culinária francesa ainda aberta. Para não correr riscos, vamos até Abbesses, onde passamos próximos da Place de Clichy. Opa, eu já estive aqui! É incrível, em menos de duas semanas, já conheço por onde piso em uma metrópole do tamanho de Paris. Nada mal...


De tantas opções do lugar que já não recordo mais o nome [apenas lembro do garçon argentino que nos atende], escolho o mais simples e prático aos meus olhos – sobrecoxa de frango assado! De sobremesa, “crepe de Nutellá”, como indica à moda da casa! Valeu a companhia, Lucia! Desde o jogo de André Sá na quadra 16 lá pelas sete da noite, não? Ou seria da tarde ainda aqui na França?

Começo e fim do dia nas mãos dos lusos em Paris!

A volta pelo metrô, debaixo da chuva parisiense, é tranquila e a noite passa assim como é no dia... voando! Parece que nem dá tempo de descansar! Ao acordar, mato a saudade de uma amiga que “madrugou” da outra parte do Atlântico! Começou bem meu dia.


Sem tempo para o metrô, me contento em um táxi nas redondezas. “Do you speak English?”, começo. “No english”, responde-me o sujeito que indica “Français ou português”. “Português, português!”, não perco tempo. Oliveira Manuel, ou simplesmente Olivier Manuel mora na França há mais de 30 anos e veio com a família fugindo da ditadura salazarista. Um papo aqui, um papo ali e descubro que o homem é casado e tem três filhas com também uma refugiada do Estado Novo Português. Que história!


Boto o pé no complexo e quem vejo? Rui Machado! Pra aqueles que não conhecem, o nome faz jus a uma figuraça do mundo do tênis português. Lembro-me quando o rapaz jogou um torneio em Rio Preto no ano passado. A cada erro: “Quadra do caralho!” “jogo de merda” e afins foram o arsenal oral de Rui. Dei risada na hora que o avistei no sofá de entrevistas atrás de onde me sento!


Para completar a graça, chego-me à mesa e lá está Lucia, a assessora argentina do torneio. Que simpatia, preciso dizer novamente! Parece me aguardar ao soltar um “Bom dia!”. “Buenos dias”, contrario. Daí, ela me vem com essa: “Uma amiga minha de São Paulo mandou te dizer que você é um fanfarrão!” Não acreditei! Na hora, juro que não me segurei de riso... e nem ela! A argentina me sacaneando... em minha própria língua! Deixa ela! A verdade é que estar em um lugar estranho, a saída é procurar quem mais você entende! Neste caso, os hermanos (sim, à frente dos brasileiros e portugueses) estão em primeiro lugar!


Na companhia ali na sala da IBM, converso com meus colegas húngaros que sentam todos os dias no mesmo lugar. Até me ensinaram o “obrigado” deles – “köszönöm”. Outros me confortam com o poder de algumas palavras – os jornalistas argentinos, um ou dois franceses e os turistas que encontro passeando desordenadamente em Roland Garros. Já foram torcedores do Atlético-MG, do Figueirense, do Corinthians... impressionante como há brasileiros por aqui! Na partida de Marcelo Melo hoje de tarde, vi muitos, inclusive, Bellucci. Sim, ele ainda está aqui!

Finalmente conheci a área de imprensa da Suzanne Lenglen e confesso que fiquei abismado... passo debaixo da quadra e, de repente, você está em uma espécie de camarote bem atrás dos jogadores! Já saí do negócio e dou de cara com Tsonga.. que privilégio!
Poderia passar um post inteiro falando do maior espetáculo (quando falo “maior” refiro-me à duração!) que tive o prazer até aqui de vivenciar em um estádio de tênis – John Isner, já conhecido por sua maratona em Wimbledon há dois anos, contra Paul-Henri Mathieu.


Já era no anoitecer de Paris e estava ainda eu em Roland Garros né, Mathieu?
Philippe Chatrier quase lotada. Torcida francesa incendiada, bandeiras na quadra, mais de 5 horas e meia de jogo. Meu Deus! Cada ponto do francês era uma adrenalina nota 1000! Confesso que sempre simpatizei com Mathieu – e não é porque ele é meu xará em francês. Bom, pode ser! – e como é bom vê-lo voltar à Chatrier em grande estilo! 18x16 na parcial decisiva – 5h44min. Segundo jogo mais longo da história de Roland Garros. Ficar até às 22h para acompanhar sua coletiva foi o certo a se fazer. Não haverá outras como essa tão cedo para mim.


Ao sair do complexo, não resisto e pego um táxi. “Vai para onde?”, pergunta-me Nelson, OUTRO luso. Não acredito. Sigo até o hotel, onde rumo a um restaurante aberto pela redondeza. Onde? Comida portuguesa! Parece sacanagem, mas não é. O dia é deles! Ou melhor, o dia é meu em um bom português europeu!



Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
01/06/2012

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