segunda-feira, 21 de maio de 2012

17:06 - 1 comment

Saindo do casulo

Mon Dieu. Que dia ou seriam dias? Afinal, 12 horas de viagem para Munique e mais uma e meia para Paris, contando fuso horário, atraso de conexão, condução do metrô até o hotel... Bom, para vocês verem como esse post vai ser de, qualquer forma, injusto. Se me deixarem escrever desses dois dias em particular, quem me conhece sabe que ficarei até amanhã relatando e os defensores da objetividade no jornalismo vão me jogar praga. Mas vamos lá! Lágrimas na ida, mãe, pai e tios à minha espera e eu não me suportando em emoção... como sempre!


Não foi fácil encarar a primeira viagem para fora do país...e sozinho!
Antes, o máximo que havia ficado em um avião era em torno de 4 horas para alguma jornada ao nordeste brasileiro. Agora, a realidade era outra – sozinho, em uma janela quase espremido, morrendo de dores nas costas e ainda por cima me sentindo que estava em um grupo de diplomatas em algum escritório da Alemanha – homens com aquela aparência gélida, olhos azuis, mulheres loiras e com aquele ar de “no mínimo, fale inglês, meu bem!” Pois bem, creio eu que me saí bem, pois tudo que pedia fui atendido (o lenço para o bendito nariz que insistia em entupir, a água para tomar a ‘porrada’ de remédios para pneumonia!) e sem nenhum pio.

À medida que chegávamos próximos de Munique [primeira escala internacional], a tensão me tomava conta. Peguei o guia de francês que comprara em Guarulhos e fui tentando memorizar algumas palavras e frases-chave para saber me virar na capital francesa às escuras... mas nem precisava! Um homem que aguardava insistentemente a fila do banheiro me orientou dizendo que havia uma garota que faria conexão a Paris também. Malu, de 28 anos, estudante de moda, foi a minha espécie de “anjo da guarda”. Primeiro, me acalmou quando o fiscal da imigração em Munique fez cara grossa quando mostrei os documentos e os equipamentos que levava junto à bolsa. Depois, quando chegou em Paris. Esperou-me junto ao desembarque e foi comigo ao encontro da minha bagagem. O que fazer? Taxi ou metrô?

Mesmo descendo no meio da rota que realizei, Malu me passou a segurança que precisava para seguir as linhas do organizado e movimentado metrô francês. Neste piscar de olhos, deu para perceber o quão é mágico esta vivência em uma segunda-feira comum em uma das maiores cidades do mundo – trabalhadores ambulantes, advogados, empresários, mendigos, negros, brancos, cantores, todas essas vidas se completando exatamente como acontece no subsolo de Paris – numa encruzilhada de sensações antagônicas.

Metrô de Paris reserva muitos choques culturais no dia a dia
Fiquei impressionado com minha capacidade de localização (e também de perguntar sem nenhum pudor, mas com o excesso de gentileza!), porém paguei mico, confesso, no instante em que decidi arranjar o bilhete para uma semana do sistema metroviário. A mulher do caixa capengava no inglês e eu o mesmo na sua língua mãe. Resultado? Mais mímica do que qualquer coerência cognitiva. Um emaranhado de informações que fingia compreender e a simpática senhora em seus 40 e poucos anos mantendo o bom humor, explicando passo a passo do que deveria fazer... tudo em francês! O metrô, pelo menos nesse primeiro dia, não fedia à urina como muitos me avisaram, mas os franceses parecem ter um odor característico em comum – algo que remete a uma dose de frieza e praticidade para encarar a rotina do transporte rumo à rotina inabalável de suas vidas! 

Eu, à mercê de tudo isso, acompanhava cada estação e me surpreendia – até Franklin Roosevelt tem aqui e eles têm problema de falar inglês? Ah vá! De um jeito ou de outro, chego na belíssima Porte d’Auteuil, porta de embarque para uma belíssima vista de Paris. Infelizmente, o mau tempo não permite que a aparência seja das melhores pelas fotos! Do meu lado, uma garota com raqueteira nas costas me ajuda a compreender o que vejo nas placas à frente – Roland Garros a caminho! A organização do torneio, creio eu, colou imagens de bolinhas nas calçadas como se os fãs pudessem seguir “as migalhas” do saibro parisiense nas ruas. Em um passeio pela fria Paris nos seus 10 graus, contentei-me em tirar fotos do que sempre fui acostumado a acompanhar pela TV – a grandiosa arquitetura externa da Philippe Chatrier. As bandeiras, o glamour, o vento, o cheiro, os boleiros andando em filas, crachás aqui e ali...

Pelo um dos poucos instantes que me desvencilho do segurança, vejo todas as quadras cobertas – devido, obviamente, ao mau tempo – e nem ainda creio que estou dentro de onde Guga reinou por três vezes. Local que Borg fazia história com suas próprias mãos. Agora, Nadal pode fazer história e, pelo que mostrou na final da nem tanto longínqua Roma diante de Djokovic, é o grande favorito pelo histórico hexa! E eu, como um para-quedas, no meio de tudo isso! Só pode dar em pizza... e deu mesmo (literalmente)! Só está começando ou será que já começou?


Roland Garros abre portões para fãs nesta terça com o qualifying
CURTINHAS: Nesta terça-feira, Roland Garros dará início à fase qualificatória, ou seja, os tenistas que não tiveram ranking suficiente para entrar diretamente na chave principal (composta por 128 jogadores) passarão pela fase prévia, em que são necessárias três vitórias até a próxima sexta-feira. Pelo Brasil, Rogério Dutra Silva, Thiago Alves e Júlio Silva estarão em ação em busca de dar ao Brasil mais lugares no quadro (Thomaz Bellucci e João Souza já estão garantidos na chave principal).

Para quem aguarda eu falar das feras Nadal, Djokovic, Federer, Sharapova, Serena Williams e Cia, é necessário aguardar até o próximo domingo, quando iniciam-se os jogos da chave principal. Porém, enquanto isso, eles podem (e devem!) aparecer com antecedência no complexo para se prepararem ainda mais para o Major do saibro. Será que vai rolar uma palavrinha com um desses? Uma foto, quem sabe? Eu continuo por aqui...



Por Matheus Martins Fontes
22/05/2012 - Diretamente de Paris, França

1 comentários:

Ficou muito interessante seu diário, Matheus. Não se esqueça de escrever todo dia, que queremos saber das suas aventuras aí em Paris, ok?

Abs!

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