sexta-feira, 25 de maio de 2012

15:10 - 1 comment

Assim você me mata..


Após chuva no início da semana, Paris parece guardar o melhor pra o início de Roland Garros

O começo se justifica pelo fim. Essa poderia ser a definição correta do dia de hoje, que foi marcante de inúmeras formas. Após pouco mais de quatro horas de “soneca”, levanto-me com o mínimo de vontade para mais um dia de correria. Primeiro, tomo café com Dionne (essa vai ganhar uma menção honrosa pela fantástica e primordial companhia nas horas mais complicadas) e já pego o caminho do metrô. A rotina é sempre a mesma – Louis Michel até a Havre Caumartin, daí baldeação e sigo até a Michel-Auge Anteuil e, finalmente, Porte D’Auteuil...

Paris nunca esteve tão bela aos meus olhos! Que sol, que paisagem mais linda numa sexta-feira de final da primavera. Tem que tomar cuidado, porque querendo ou não, deve-se passar protetor solar para se proteger... No dia anterior, paguei o pato, esqueci-me de falar... Piso no complexo e Rogerinho acaba de fechar o confronto de última rodada do qualifying. Chave principal de Roland Garros pela primeira vez, vou ao seu encontro e admiro suas primeiras palavras fora da quadra.

Tive o prazer de falar com Roger Federer nesta sexta
Porém, não tenho tempo e já corro para o Museu da Federação Francesa de Tênis. Vai começar o sorteio da chave principal. Que lugar, histórias marcantes, campeões – inclusive Guga – imortalizados naquela antiguidade mais que moderna – são relíquias, raquetes, uniformes, troféus... Sento-me para transmitir ao vivo via Twitter os confrontos de primeira rodada e, quando olho, simplesmente Rafael Nadal a poucos passos de mim... Uma apresentação toda especial, com depoimentos de lendas do esporte, passa despercebida por todos, inclusive por Nadal, mas não por mim. Afinal, em quantos momentos não pensei em estar aqui?

Chaves sorteadas, bora pra sala de imprensa que já está tomada pelos principais veículos do mundo. Consequentemente, fico sem mesa e vou parar na Zona IBM, uma espécie de bancada para aqueles que não reservaram mesa dentro das salas principais. Não reclamo, só indago: “Cadê a tomada para colocar a bateria do PC?” Nem dá tempo, pois já começou a sessão de entrevistas coletivas. O “Media Day”, como chamam, é o dia em que os principais jogadores respondem as primeiras indagações da trupe de jornalistas. Sinto-me o “foca” daquele lugar, não é para menos ao ver um monte de inglês de cabeça branca, franceses na primeira fileira e eu, lá do fundo, ouvindo atentamente...

Primeiro vem Na Li, chinesa que é a atual campeã entre as mulheres de Roland Garros, depois vem Maria Sharapova, musa do circuito e muito simpática em frente aos repórteres. Em seguida, Serena Williams, o carismático Novak Djokovic e, de repente, Roger Federer. Tomo coragem um pouco antes do gênio entrar e bolo uma pergunta. Mais básica possível, mas que gere assunto. Com a sala relativamente cheia, ergo o braço que mais parecia uma britadeira de tanto que tremia e faço a primeira pergunta da coletiva. “Roger, hi”, começo. E o final mais parece apresentação de trabalho na época da faculdade, você não sabe a hora que termina. 

Nadal busca hepta e história no saibro parisiense
Estou diante do dono de 16 Grand Slams e o maior da história do tênis e ele, simpaticamente, olha para mim (talvez o único momento em que sou protagonista em Paris, de fato!) e responde com toda a sua calma e atenção. Não só a minha, mas as centenas a seguir. Quem diria, hein? Quase morri na hora, mas me controlei e saí suando da sala. Liguei para os meus pais do orelhão (consegui pela primeira vez!) e dei a novidade. Parecia um sonho... mas não era!

Logo depois, vem Nadal e, sem mostrar toda a simpatia e desenvoltura do poliglota da Basileia, responde as perguntas de forma contrariada. Não, não é essa a palavra. Na verdade, o espanhol parece não ter jeito de falar em público, mas quando a assessora abre espaço para as perguntas em espanhol, aí o homem decide falar.. e muito!

Dia feito, sol ainda raiando. Vamos voltar? Passo na farmácia para pegar uma pastilha para cuidar da tosse que ainda me incomoda... E, de repente, já são 22h. O tempo voa por esses cantos. Mas hoje estou preparado e me sirvo de um escalope a bolonhesa no simples La Romana. De sobremesa, o conhecido petit gateau.. Ao pagar a conta, vejo o garçom argelino dançando com os braços levantados. O que ouço? “Ai se eu te pego”!!! Tava demorando pra tocar isso... É, o dia foi para matar né? Pois bem, o importante é que continuo vivo...



Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
25/05/2012

1 comentários:

da hora heim fi? nao gaguejou na hora de falar nao? xD

Postar um comentário