quarta-feira, 30 de maio de 2012

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Tão bom pra acabar em.. NUTELLA!!


Mais uma vez parece que vou adiar o post do dia... mas não vou! Que venha com atraso, mas que venha. Acordo-me mais sozinho, já que a querida Dionne não está mais para a companhia em um café da manhã ou um jantar sei-lá-que-horas, mas fazer o que? Como Serena vai falar mais tarde: “É a vida!”

Volto ao caminho do metrô e já avisto um casal que mais parece alemão [nesses 10 dias, já deu para perceber um pouco a diferença entre os povos europeus!] se desentendendo no mais novo capítulo alá novela mexicana. Um “deixa disso” por parte dele, “um chega para lá” da mademoiselle.. Até o músico que entra no vagão para alegrar (ou não!) o ânimo não tira os olhos da cena. Pena que a Michel-Ange Molitor me vem antes do desfecho...

Favorita, Sharapova estreou com "bicicleta" em Paris
Logo na saída da estação, entro em uma banca e compro duas caixas de Pringles e uma Coca-Cola. Sim, decidi! Esse será o almoço do dia e olha que me custou 7 euros!!! “Um almoço em Roland Garros me daria menos prejuízo”, penso. Mas deixa, agora já foi! Boto o pé no complexo e Sharapova já fecha o jogo pedalando.. (para quem está perdido, a russa fez uma bicicleta em seu primeiro jogo – quando a tenista vence sua partida por 6/0 e 6/0)

Meia hora depois, “Press announcement – Maria Sharapova is on her way to the interview desk!” É a minha chance! Primeiro, foi Federer. Agora, a favorita da chave para mim! Poucos jornalistas na sala e lá vou eu, com o braço tremendo e não foi por causa da beleza da mulher! “Maria, hi”, no mesmo modo com que comecei o diálogo com Roger no sábado.

Feita a pergunta, a mulher me responde, com o sorriso estampado e um inglês perfeito que (creio eu) a faz ser odiada em seu próprio país [parece falar melhor do que o russo. Se bem que não entendo batata do idioma deles né!]. Depois, decido ir para a modesta quadra 5, onde Dmitry Tursunov joga ali. Antes, ainda quando estava na Chatrier me programando quanto aos “requests” (papel que o jornalista entrega na bancada de entrevistas pedindo qual tenista deseja entrevistar e qual assunto), decido focar nos russos! Afinal, Davis vem aí na minha casa e não haverá oportunidade melhor de abordá-los.. enquanto não perdem!

O homem mais parece uma termômetro... “Iceman” como Raikonnen é na Fórmula 1, o homem não mostra emoção quando vence um ponto, tampouco quando erra.. Aliás, quando comete algum equívoco, quem está na quadra fica até com medo do que pode fazer. Parece uma bomba-relógio, esperando a melhor hora para explodir. Mas, felizmente (para mim!), passa facilmente pela primeira rodada. E numa quadra que mais parecia Tóquio em hora do rush (jogo era contra o japonês Go Soeda).

O "mala" Tursunov se mostrou muito simpático em exclusiva!
Na sala 3, entro com meia dúzia de jornalistas russos e dou palavra a eles primeiro. Imaginem um cara que não entendeu uma mísera palavra do que foi dito em mais de 10 minutos. Minto – Roland Garros é universal! ^^ mas só isso, juro... “Now, in english”, apresenta-me a assessora. “Hi, Dmitry”, começo. “Ow, Brazil, Brazil!”, surpreende-me o sujeito. Um verdadeiro “mala” na quadra, mas outro dos gênios depois. Sei lá se foi porque venceu, mas é essa a impressão que tenho do russo que também é bastante famoso no Twitter. Em quase 10 minutos, o cara me responde atenciosamente e ainda digo que sou da cidade em que ele vai estar em setembro. “I can tell you. It’s pretty hot and tough there”, aviso. Dmitry dá risada e diz que já esteve no Brasil. Em Campos do Jordão, relembra das grandes festas dos jogadores e o fato de jogar contra Thiago Alves em um ano e mostrar o dedo do meio para a galera são algumas das histórias que o simpático russo me apresenta. Válido!

Depois, vem Youzhny! O algoz do Brasil em 2011 está à minha frente, respondendo aos mesmos russos que indagavam Tursunov uma hora antes. Enquanto isso, o teto da sala 4 treme. É a torcida na Philippe Chatrier torcendo para a local Razzano contra Serena. Senti-me quando fiz um tour pelos vestiários e dependências do Maracanã alguns anos antes. Parece surreal imaginar que poucos centímetros acima acontece um turbilhão de emoções em um dos maiores estádios do mundo. A recíproca é verdadeira tanto para a Chatrier quanto para o Mário Filho! 

Na minha vez, Mikhail não é a mesma simpatia do que Tursunov, porém é bem solícito. Longe de ser o contrário. Se ele está disponível para Rio Preto neste ano? Aos curiosos, é cedo para dizer. Não sou eu que estou escondendo o jogo. É o próprio que me declara. Logo depois, ouço “Caroline Wozniacki is on her...” Não penso duas vezes. É na sala do lado!

Que simpatia! O rostinho bonito é apenas uma das coisas boas de Carol. Paciente, responde aos dinamarqueses primeiro e depois vem a hora do Brasil. Duas perguntas. Respostas que pouco acrescentam, mas a vontade de falar já é muita vantagem para outras. Sinto-me como se a tivesse entrevistado por diversas vezes. E ainda me conta: “Adoro o Brasil!” Cético como sempre, dou-me o luxo de acreditar que não é apenas balela.

Sem opções gastronômicas nas altas horas? Apelar para Nutella é bom negócio!
Já são 21h. Bora para o metrô! Na correria das escadarias da Havre Cumartrain, entro suando pelo vagão. A porta se fecha. Uma mulher me aponta o dedo para fora. Meus óculos ficaram pelo caminho. Mas, a porta se fechou. E vejo-o indo embora enquanto sigo pelos trilhos. Num ato de desespero, desço na próxima estação. O quê? Cinco minutos para o trem de volta? “Não vai dar tempo”, penso. E, de fato, não deu. Retorno e nem sinal dele. Para muitos, “é apenas um óculos”. Mas, é aquela coisa de valor sentimental. Se antes não acreditava, agora vejo que não é bobagem. Chego no hotel e vejo que esqueci a bateria no complexo. Que beleza! Jantar a base de pão com Nutella (não estou reclamando!) porque todos os lugares fecham em horários desordenados em Levallois. Não é possível. Mas sobrevivo vai! Como completo a transmissão? Já estou em Roland Garros! É mais um dia começando, ou melhor, já começou há muito tempo!



Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
30/05/2012

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