16:27 -
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Lições...
Blusa
na bolsa. Boa, a primeira meta do dia já foi cumprida. Frio... no more! Assim que boto o pé na rua às
9h46m, um sol de rachar. Não reclamo da “má sorte” de, agasalhado, pegar calor.
Pode mudar. E vai mudar! Metrô, baldeação, troca de linha, já estou craque. Há
muito tempo..
Dessa
vez não erro a quadra. Vou direto na 14 ver o promissor Thiago Monteiro.
Canhoto, firme dos dois lados. Centrado esse cearense de Fortaleza. Do meu
lado, nada mais nada menos do que Larri, técnico do menino. Atento, o gaúcho,
que levou Guga ao posto de número 1 e que ainda hoje carrega, de certa forma,
esse peso, parece viver o jogo mais do que o garoto em quadra. Normal, era
assim com o “manezinho da ilha”.
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| Bons tempos em que Guga e Larri davam tanta alegria para o Brasil! |
Soltava
de vez em sempre uns “judia dele, Thiago”, “tá bom vai”, “é essa a bola que eu
gosto”, “spin nele”... Que presença! É com caras desses que a gente tem que
aprender – a observar, analisar, trabalhar e, no último caso, avaliar. Minutos
depois, uma multidão se aproxima. Eu vejo na quadra ao lado Toni Nadal, tio e
treinador de Rafael. Sim, o homem vai treinar ali. A arquibancada da quadra de
Thiago se transforma em uma passarela do cinema, todos querem conferir de perto
o ídolo. Até Aimar Matarazzo, esqueci de comentar, não resiste!
Confesso
que, de tantas coisas, me passou despercebida a presença do presidente do
Harmonia Tênis Clube, clube que receberá os Playoffs da Copa Davis em setembro
contra a Rússia. Na minha cidade! Tá bom, parei... Enfim, um bom papo com o
amigo e já avisto outro dirigente importante – o senhor Jorge Lacerda, presidente
da Confederação Brasileira. De uma vez, Larri, Aimar e Jorge... Melhor
companhia não há para um dia!
É
incrível como Jorge é uma grande pessoa. Nem falo que sou jornalista, mesmo com
a credencial estendida no peito. Conversamos por minutos, acompanhando os jogos
dos outros juvenis. No momento em que Bia Haddad e Laurinha Pigossi, duas
promessas no feminino, jogam em quadras complementares, já aviso Jorge: “Você
vê daí que eu acompanho daqui!”
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| Visão da imprensa na quadra Suzanne Lenglen para duelo entre Federer x Delpo! |
Larri,
mentor de Bia também, está lá. Uma figura. Reclama do juiz de linha com
marcações duvidosas: “Ah não, caralh#@$”, “vai ver a marca, Bia” e não deixa de
elogiar jogadas da menina de apenas 16 anos – “Olha que tênis, presidente. E
tem gente no Brasil que reclama do nosso tênis!” Até eu largo a credencial por um (ns) momento (s) e vibro: "Mete a mão na bola mesmo, Bia!", "Vai, Laurinha!", etc... Já deu pra entender!
O
almoço é às 16h. Uma baguete. Nada de especial. Ali mesmo na Suzanne Lenglen,
subo a rampa e dou de cara com Federer e Del Potro. Que vista! Ao mesmo tempo,
Tsonga e Djokovic na Chatrier. Queria mandar a organização ir pra aquele lugar
quando anunciaram os dois jogos praticamente no mesmo horário... e, por
coincidência, tiveram desfechos parecidos e simultâneos! De cochiladas e
pescadas, vejo que o argentino abriu 2x0 sobre Roger. Uau!
Mesmo
assim, o barulho da quadra central que conseguimos ouvir a uns 200 metros de
distância e algumas toneladas de concreto como barreira me atrai mais. Pra se
ter uma ideia, quando Tsonga teve set point no terceiro set (o telão na quadra
de Federer avisava ao público), nem tivemos dúvidas se havia fechado a parcial
ou não. A reação da outra quadra foi certeira. Simbora!!
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| Falei com Djokovic. Mais um feito para a viagem... |
Juro
que foi uma das únicas sensações de pena em Roland Garros que senti. A dura
derrota do francês Tsonga abateu multidões por toda a França. Perder quatro
match points é uma coisa que machuca demais para o jogador e, mesmo que o
adversário tenha o crédito de ter atuado bem em todos os momentos cruciais (o
que aconteceu hoje!), os franceses não mereciam. Afinal, já são (agora) 29 anos
sem título para os donos da casa em Paris. “Foi a pior derrota da minha
carreira”, resumiu a cena o emocionado Jo.
O
final do dia ainda me reservava o prazer de perguntar a Djokovic, número 1 do
mundo, quais eram suas expectativas em vir ao Brasil em novembro. Aos
desinformados, sim ele virá! Simpático e mesmo cansado da batalha de mais de
4h, Nole respondeu. E por mais óbvia que possa ser a pergunta (e também a
resposta), decidi perguntar. De prima...
E
mesmo assim, há pessoas que gostam de cuidar da vida dos outros. Andei
percebendo algumas indiretas “tanta pergunta pra fazer pro cara depois de um
jogo desses e me perguntam se está animado para vir ao Brasil?” Tudo bem, pode
ter sido um erro ter feito a primeira pergunta da coletiva, ou sei lá, podem
ter imaginado que era uma pergunta idiota.
Mas,
de certa forma, sou jornalista, não? Sou pago para fazer perguntas, para
investigar, a estar nas coletivas, a levantar minha bunda da cadeira e ir para
as quadras porque as coisas não caem do céu para a sala de imprensa. Se é o meu
dever perguntar, o dever do jogador é responder nas entrevistas. Talvez não da
forma que eu queira, mas algo ele vai me dar. A ética está aí em você fazer o
seu papel e não passar por cima dos outros. Pergunta idiota? Idiota é não perguntar!
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| McDonalds na Laffayete foi a saída desta noite! |
Mesmo
um “foca” de 22 anos já compreende tais princípios. Talvez alguns desinformados
do que acontece por esses lados devessem cuidar do seu e não se preocupar tanto
com a rotina alheia. Todos agradecem! Desabafo feito (ou não!), volto para a
estação e encontro brasileiros... de Itu! Guiam-me até a Galeria Laffayete onde
faço minha refeição final no americaníssimo McDonalds. Ah, não poderia deixar
minha viagem sem uma visitinha a ele.
Confesso
que nunca fui fã, mas para uma noite chuvosa de terça-feira em Paris, o
estômago fala mais alto. E eu? Bem, estou de blusa... e preparado para mais uma
batalha!
Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
06/06/2012




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