segunda-feira, 28 de maio de 2012

17:22 - No comments

Dividido...

Peço a vocês, queridos leitores, perdão mais uma vez pelo atraso, mas essa ocasião realmente merecia uma reflexão mais profunda. Sinto neste final de segunda-feira que muito da minha alegria que passei na última semana vai se acabar assim que acordar de manhã. O título do post de hoje resume bem como foram minhas últimas 48 horas. "Dividido" em muitos aspectos...

Depois da onda de cabarés no sábado, lembro-me de correr e correr e correr e correr MUITO no domingo. Assim que saí na Michel-Ange Molitor, parto em uma disparada que mais parece Senna em corridas na chuva. É ultrapassagem em bando! Tudo para acompanhar de perto a abertura oficial de Roland Garros. No primeiro dia, fico atento a ver um pouco a partida de Tsonga, principal esperança da França em quebrar o jejum de 29 anos sem títulos de Grand Slam (último foi Yannick Noah!), mas confesso que meus olhos vão para a modesta quadra 6. Ali Feijão fará sua estreia em Roland Garros e no dia de seu aniversário.

Roddick decepcionou mais uma vez no saibro de Roland Garros e deu show à parte em entrevista
O desfecho vocês já acompanharam, mas quem não viu fique à disposição - http://revistatenis.uol.com.br/Edicoes/0/Artigo260033-1.asp. Um pouco depois, dirijo-me à charmosa Suzanne Lenglen, onde estive apenas nos primeiros dois dias acompanhando treinos dos 'bam-bam-bam"! Lá vejo o desfecho do decadente (desculpem a franqueza, mas no saibro é deplorável vê-lo!) Andy Roddick, que já liderou o ranking, hoje dominado por Djokovic, no torneio! É incrível o comportamento da torcida francesa - alguns aplaudem o norte-americano, que sai desolado de cena; mas a grande maioria apoia incessantemente o local Nicolas Mahut! "Normal, ele é da casa", podem me falar. Mas é um comportamento diferente - brasileiro é acostumado com a ideia futebolística de que é bom sempre e quando ganha, ótimo! Mas quando perde, nem se lembra. A pegada é outra por aqui. 

Só ver pelo hino da seleção de futebol - jogadores abraçados, alguns deixam cair lágrimas, "armas" para cá, 'luta" para lá, "liberdade"! Tanto na Chatrier quanto na distante 18, do outro lado da Lenglen, o mais jovem francês é prendado desde o começo a como se comportar fora da quadra. "Alleeeeeeeeezz" é o que mais se ouve - na vitória ou na derrota, seja nas arquibancadas quanto no telão das escadarias do complexo! Enfim, foi uma visão, quis dividi-la com vocês. Confesso que fiquei fascinado por um lado, mas pelo outro decepcionado com a forma de se envolver de nossa cultura. Vai saber...

Não contente, segui Roddick até a sala de entrevistas. Já havia recebido a informação de que ele não era o mais simpático dos protagonistas. Principalmente quando perde... Já imaginam o medo que entrei ali! Ao ter o primeiro contato, já percebo o quão difícil será para os mais "corajosos". Cabeça baixa, parecendo se esconder no boné, uma pergunta ali e Andy já devolve: "Pessoal, vocês estão se preocupando muito comigo. Teve um cara que jogou melhor hoje do que eu e não vou responder mais questões sobre isso". 
Para quem duvida da genialidade do sujeito à frente dos gravadores, olhem só essa! http://www.youtube.com/watch?v=RDFW-unhTVg

De volta à Levallois, parto com dona Dionne e Paulinho para a Champs-Elysees, afinal última noite dos cearenses em Paris não pode passar em branco. Muito pelo contrário. O glamour da Cidade-Luz sob os holofotes dos restaurantes, lojas e tudo o que possam imaginar me encanta. Que visão espetacular! Um bom vinho e um belo táxi de volta me acusa que logo tudo isso acabará! Já estou dividido.. 

O domingo mal chega e já me bate na porta. Ou melhor, no meu telefone! É Dionne me avisando que vamos para o Louvre. Confesso que não sou o maior apreciador artístico do mundo, mas é um local que merece um carinho especial. E, afinal, estou em passeio também. Os jogos de Bellucci e Rogério começam à tarde, então simbora!!

Ao descer na estação Musée du Louvre (o nome já diz tudo!), saímos na porta do negócio... E que negócio enorme! A Pirâmide já nos fascina ainda antes de entrar. Inside, parece que estamos no Oriente! Uns 10% da China invadiram o local, tomando desde a Mona Lisa até a Vênus de Milo! Mesmo assim, nos corredores ao lado de Da Vinci, Michelangelo, Goya, Giotto, El Greco e dentre tantos outros, regresso na história e acompanho uma trajetória desde a antiguidade clássica... Estou dividido! Devo me dirigir agora para a Havre Cumartain em direção a Roland Garros. Dionne, por sua vez, deve voltar ao hotel para arrumar as malas. Hoje, ela volta para o Brasil! Despedida? Ainda não. Há o táxi.

"Could you speak english, please?", começo. 'Yes", informa-me o simpático motorista. "Rue Danton", emendo. O caminho parece diferente passados uns cinco minutos dentro do veículo. Com o taxímetro marcando 22 euros, ele para. "Rue Danton!" E me indica. Pois é, mas é Rua Danton, em Levallois-Perret. Daí, ele me explica que se não falar "Levallois", qualquer um pensa que é a Rue Danton de Paris. Descubro, após uma semana, que não estou dormindo na capital. Levallois faz parte do subúrbio parisiense, uma cidadezinha ao redor. "Igual Taguatinga com Brasília", lembra-me Dionne.

Dionne: grande companheira nesta viagem especial em Paris!
É chegado o momento. Da separação. Há sete dias, nem te conhecia e em tão pouco tempo você se tornou a pessoa mais importante para mim neste lugar. Como uma segunda mãe, diria. Neste espaço, tenho consciência de que vão me entender quando afirmo: "Obrigado por sua companhia nesta semana. Você realmente fez a diferença em momentos alegres e tristes, me mostrou como curtir bem a vida. Foi um prazer! Espero que nos vejamos no futuro próximo! Que Deus te ilumine sempre! Um grande beijo"

Continuando... Rogerinho e Bellucci perderam na tarde desta segunda-feira. Um na quadra 2, o outro na 3. Com tantas pessoas transitando (o adversário de Rogério era o americano John Isner, então já imaginam o excesso de branquelos já roxos de tanto sol sem proteção). Fiquei realmente dividido.. por quem torcer, por quem acompanhar, e também do que fazer com um pai chato e com seu filho mimado encostados no muro do meu lado. No jogo de Rogerinho, Isner, gigante de 2,06m, não fez força para vencer por 3 a 0. Também, era cada pedrada no saque... Não deu graça! Mas nem assim é motivo para zombar dos outros... Muito feio, Tio Sam!

Assim, Roland Garros mal começou e já não tem brasileiros... nas simples! Nas duplas, teremos mais três - Bruno Soares, Marcelo Melo e André Sá. Na sala de imprensa, encontrei mais um que me faz companhia nas entrevistas - Elcio, da Radio França. E mais uma portuguesa na área de informações. Do mais... Já se passou uma semana voando. Admito que estou contando os dias para muita coisa. Câmbio, desligo. Por enquanto...



Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
28/05/2012

0 comentários:

Postar um comentário