sábado, 23 de junho de 2012

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Negócio é grama!


Eu sei que o propósito deste blog era, primeiramente, retratar o dia a dia de minha rotina em Paris durante o sonho da primeira cobertura de um torneio Grand Slam. Roland Garros foi algo sensacional, único e que rendeu inúmeras histórias para contar. Mas já é passado. Agora, o cenário mudou - a moda do momento são as quadras de grama do All England Club. Sim, o glamour parisiense dá lugar à tradição britânica de Wimbledon. Quem gosta de etiquetas estará no lugar certo! E eu continuo aqui em sintonia com o circuito, mesmo de longe!


A partir d2a feira, terá início o torneio de Wimbledon, o mais antigo da história do tênis
Enfim, o Grand Slam inglês é o mais antigo da história do tênis. Desde o longínquo ano de 1877, o gramado de Londres recebe os principais expoentes deste esporte que mantém o branco como exigência máxima apenas neste evento. Por ali, muitos fizeram por merecer seu lugar de honra nos livros dos recordes - ainda na era amadora, o britânico William Renshaw reinou por sete temporadas entre 1881 e 1889; no profissional, quem não se lembra da hegemonia de Pete Sampras também por sete vezes entre 1993 e 2000? E Federer que busca igualar os dois após dominar o território desde sua primeira conquista desde 2003?


Além disso, Wimbledon reserva marcas que vão além da compreensão dos mais leigos. Como se sabe, a grama é a superfície mais rápida existente no circuito. Ou seja, os pontos, teoricamente, terminam de forma mais rápida, com prioridade para poucas trocas de bola do fundo da quadra, tão normal no saibro. Então, dessa forma, os sacadores têm vida mais longa em condições como essa. Mas como explicar que o jogo mais demorado da história do esporte veio justamente no local que isso é mais improvável de acontecer?


Pois é, John Isner e Nicolas Mahut provaram isso em 2010. 11 horas e 05 minutos, ao longo de três dias. O placar? 70 a 68 no quinto set. Pode? Isso é Wimbledon! O mesmo palco que protagonizou o duelo entre duas lendas - Federer x Sampras fizeram o único duelo no profissional ali naquela quadra central há 11 anos. Lembro que o Brasil não havia comprado os direitos de transmissão do torneio, porém acompanhei pelo Live Score. Depois, com o advento do Youtube, tudo ficou mais fácil. Isso tudo é Wimbledon, um clássico entre gentlemans!


Sem querer desmerecer toda a experiência e o privilégio de estar em Roland Garros, um marco para qualquer jornalista que quer seguir essa carreira, mas, with all do respect, Wimbledon é o templo sagrado do tênis. Sem mais. Um dia estarei ali. E, todos que me acompanharam por 23 dias, sabem que cogitar tal destino está longe de ser um sonho distante. Me aguardem!






CURTINHAS:


Para 2012, a chave masculina reserva mais uma vez o possível desfecho de quase todos os grandes eventos recentes - atual campeão e número 1 do mundo, Novak Djokovic estreia contra o espanhol Juan Carlos Ferrero, ex-líder do ranking. É difícil prever que o sérvio caia antes de uma provável quartas de final, mesmo com Juan Monaco, Richard Gasquet e Nicolas Almagro pelo caminho. O "chato" Radek Stepanek também preocupa num piso veloz como este, porém acho difícil roubar mais que um set de Nole. 


Wimbledon reserva grandes histórias - em 2010, Isner e Mahut fizeram o jogo mais longo da história
Quando sobrarem oito jogadores, seu possível rival será o tcheco Tomas Berdych, vice-campeão em 2010 e algoz de Federer no ano passado. Na semi, pode reeditar a semifinal de Roland Garros com o suíço, que depende APENAS DE SI MESMO (vocês leram certo!) para voltar à liderança do ranking após o torneio. Tudo porque Federer dependia que Djokovic não alcançasse a final e Nadal não conquistasse o título. Se mostrar todo o seu potencial que apresentou por seis vezes em Londres, o Rei voltará ao topo. Na estreia, desafiará o talentoso espanhol Albert Ramos, que faz mais sucesso nas quadras mais lentas. 


Em sua rota, deverá não encontrar problemas com Fernando Verdasco, Gilles Simon, tampouco com Janko Tipasarevic, seu maior candidato (pelo ranking!) a adversário nas quartas. Um perigoso teste seria o americano John Isner, que pode complicar muito para o número 3 da ATP em uma quadra de grama. Porém, acho que até as semifinais, Roger confirma.


O Brasil que já não faz sucesso em simples há uma década - quando o mineiro André Sá ainda priorizava as competições individuais e chegou às quartas de finais, perdendo para o ídolo local Tim Henman em quatro sets - deve ter vida muito curta nesta edição. Thomaz Bellucci, único representante entre os 128 jogadores, caiu justamente contra Rafael Nadal, bicampeão do torneio e que vem do embalado sétimo troféu em Roland Garros.
Federer pode sair de Wimbledon como número 1


Talvez a possível falta de ritmo de Rafa em uma rodada inaugural de um Grand Slam, principalmente num piso traiçoeiro como a grama, possa aumentar um pouco as mínimas chances de uma zebra. Se vencer um set, já é muito para o paulista, que nunca passou da terceira rodada na Inglaterra. E o número 1 do Brasil segue caindo na tabela, ocupando hoje o 80º lugar.



Nadal tem um caminho mais complicado até uma semifinal contra o queridinho Andy Murray. Em sua rota de colisão, encontram-se os perigosos alemães Philipp Kohlschreiber (seu algoz em Halle) e Tommy Haas, o versátil ucraniano Alexandr Dolgopolov, o americano Mardy Fish, o australiano Bernard Tomic, o suíço Stanislas Wawrinka e, finalmente, o francês Jo-Wilfried Tsonga. Não vai ser fácil para o ibérico conseguir o tri em Londres este ano!


Para Murray, a trilha também é árdua, começando pela estreia contra o imprevisível Nikolay Davydenko, que, há três anos, era o número 3 do ranking. Em seguida, o croata Ivo Karlovic já assusta (na primeira rodada de 2003, o gigante de 2,08m tirou Lleyton Hewitt, quando o australiano era líder da entidade e estava defendendo o título), seguido de um duelo contra o canadense Milos Raonic nas oitavas. Juan Martin Del Potro, David Ferrer e Andy Roddick, para completar, podem cruzar com o escocês nas quartas. É, Grã-Bretanha! Torcida vai sofrer novamente... Volto amanhã para analisar a chave feminina e as duplas!




Por Matheus Martins Fontes
23/06/2011

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