domingo, 27 de maio de 2012

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Arrepiante...


Antes de sair, faço questão de tomar um banho que vai ajudar a consumir a energia de um dia inteiro neste forno parisiense, bem diferente de quando cheguei por estes lados. No metrô para o complexo, já estou tão afiado que me dou o luxo de um cochilo por preciosos minutos antes de chegar à Havre Caumartin. Num piscar de olhos, já estou na linha 9 em direção à Pont de Sèvres.

o vagão, já me fascina observar os diversos traços sociais já citados anteriormente, mas faço questão de recordar de alguns em especial – primeiro, aqueles “tiozinhos” que entram, de repente, e anunciam sua apresentação musical sem se preocupar com o gosto e a vontade de cada sujeito naquele ambiente. Virou um cover em tempo real! O fone de ouvido é outra marca presente no subsolo francês. Não sei se no Brasil, principalmente em São Paulo, há tantas pessoas que utilizam-se de tal acessório, mas como essa “francesada” gosta de música... nada contra, até me distraio quando um me senta do lado!

Visão da tribuna de imprensa da quadra Philippe Chatrier. Nem arrepiou de certo!!

A pé da Michel-Ange Molitor (sim, eu descobri um outro caminho para o complexo!), deparo-me com uma fila enorme de crianças ao redor de Roland Garros. O sábado reserva o Kid’s Day, que terá uma série de exibições com grandes nomes do torneio, além da apresentação do ídolo local Bob Sinclair, outro apaixonado por tênis.

Ao chegar à sala de imprensa, olho para Lucia (a argentina) e emendo: “Ça va?” Ela continua: “Bem e você?” Não resisto e caio na gargalhada. “Estou aprendendo”, deixo claro à assessora. Confesso que, nesses dias, esqueci de perguntar onde que ficarei para acompanhar os jogos na quadra Philippe Chatrier. Com naturalidade e paciência, a hermana me avisa: “Lá de cima!”

A tribuna de imprensa (pelo menos é assim que a chamo!) fica um andar acima da Zona IBM, local onde estarei para conectar com o mundo durante o evento. Ao passar pela porta de entrada, espanto-me com a vista – uma Chatrier de outro ângulo, com a oportunidade de ver quase todos os detalhes do que acontece lá embaixo. Não resisto e peço a uma colega japonesa a registrar o momento. Pena que a sombra do local quase que não ajuda em nada na foto, mas tudo bem, a sensação já se explica por si só!

Logo em seguida, vejo uma partida bem fraca entre Zvonareva e Lisicki, que mais parece uma “domingueira” no clube à tardezinha... “Bepa” (como é conhecida a primeira) não está nada bem e a exibição poderia ser, infelizmente, trocada por “show de horrores”... Depois, veio duelos entre franceses, Djokovic, mas a melhor parte foi quando desci as inúmeras escadas da quadra e dou de cara com... Sinclair! Sim, ele já se dirige à quadra com os pirralhos no encalço. Não tenho dúvidas. Volto à tribuna!

Serena "causou" ao lado de Bob Sinclair. Serena querendo se aparecer? Ah, vá!
Que show! Federer, Santoro, Escudé e Grosjean começam com um descontraído bate bola, um prato cheio para jogadas de efeito por parte dos protagonistas – Federer, então, nem se fala! Tudo ao som do DJ francês... Del Potro na cadeira, Wozniacki, Lisicki, Na Li se juntam à festa, acompanhadas de perto por Djokovic, Wilander, Murray... todos têm lugar reservado e o público vai ao delírio. A popstar Serena Williams, que nem gosta de se aparecer, já entra em quadra e vai direto para o lado de Sinclair. Aguenta ela agora!!

Só me arrepia acompanhar tudo isso de camarote (literalmente falando!) e relembrar que há pouco tempo achei que isso poderia ser apenas uma ilusão. Não é. Já toma conta de mim, um fascínio que vou guardar para uma vida de experiências! À tarde, após o almoço e o contato com a família, vejo pelos monitores na sala de imprensa que um “Daniel San” está treinando em alguma das quadras secundárias. Sim, é Thomaz Bellucci, nosso número 1!

Acompanho de perto mais um de seus treinos – já vi de perto tantos lá no Brasil – e realmente vejo o quanto este jovem se dedica nos treinamentos. Pode ser “amarelão” para muitos (tenho uma opinião diferente, mas confesso que tem horas que dá vontade de estrangulá-lo por alguns resultados...heheh), porém o esforço em cada bola, em cada ponto é confortante! Após uma hora rachando no sol forte de Paris, consigo contatá-lo para uma palavrinha. Ao meu lado, inúmeros fãs nos gritos “Belluttííííí”, querendo autógrafos, um instante de fama com o ídolo. Uma mulher até surpreende: “Thomaz, colocarei seu nome no meu filho!” Que beleza, não?

Bellucci mostra grande empenho e dedicação nos treinos
Missão cumprida, de volta aos aposentos da estação Michel-Ange Molitor. Casa me aguarda, ou melhor, hotel. Já estou me sentido à vontade demais, talvez? Em parte. Para finalizar o dia com uma boa refeição, acompanham-me Dionne (sempre ela!) e o sobrinho Paulinho, um estudante de Teleinformática e que dedica um tempo de sua rotina para a companhia de sua simpática tia. Já passam da meia noite e nosso bairro.. tudo fechado! Qual a saída? Metrô!! Não acredito e com direito a som ambiente no embalo de "Dança do Kuduro" e "Ai se eu te pego"...

É impressionante como têm bastante gente ainda pelos lados debaixo da terra. “Tudo indo pra balada!”, indico aos dois, que acenam positivamente com a cabeça. Descemos na Pigalle e saímos em um verdadeiro antro de cabarés. Que fase, não? Sexy shop aqui, ali, strip club, tudo que você possa imaginar.. No final, paramos em um restaurante na Place de Clichy. Um escalope à moda de Normandia é o escolhido. Um Bordeaux (creio eu!) para acompanhar e duas cocas para o “juvena” que ainda está com tosse. Mas não resisto e aprecio o vinho à moda da casa! Que final de noite! Seria perfeito se não fôssemos quase que expulsos do estabelecimento.. Já eram duas da matina. Taxi de volta e histórias pra contar. Amanhã é outro dia, “começa” (depende do referencial) Roland Garros. E eu? Ainda estou aqui!



Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
27/05/2012 

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