00:42 -
No comments
No comments
Arrepiante...
Antes
de sair, faço questão de tomar um banho que vai ajudar a consumir a energia de
um dia inteiro neste forno parisiense, bem diferente de quando cheguei por
estes lados. No metrô para o complexo, já estou tão afiado que me dou o luxo de
um cochilo por preciosos minutos antes de chegar à Havre Caumartin. Num piscar
de olhos, já estou na linha 9 em direção à Pont de Sèvres.
o
vagão, já me fascina observar os diversos traços sociais já citados anteriormente,
mas faço questão de recordar de alguns em especial – primeiro, aqueles “tiozinhos”
que entram, de repente, e anunciam sua apresentação musical sem se preocupar
com o gosto e a vontade de cada sujeito naquele ambiente. Virou um cover em
tempo real! O fone de ouvido é outra marca presente no subsolo francês. Não sei
se no Brasil, principalmente em São Paulo, há tantas pessoas que utilizam-se de
tal acessório, mas como essa “francesada” gosta de música... nada contra, até
me distraio quando um me senta do lado!
| Visão da tribuna de imprensa da quadra Philippe Chatrier. Nem arrepiou de certo!! |
A
pé da Michel-Ange Molitor (sim, eu descobri um outro caminho para o complexo!),
deparo-me com uma fila enorme de crianças ao redor de Roland Garros. O sábado
reserva o Kid’s Day, que terá uma série de exibições com grandes nomes do
torneio, além da apresentação do ídolo local Bob Sinclair, outro apaixonado por
tênis.
Ao
chegar à sala de imprensa, olho para Lucia (a argentina) e emendo: “Ça va?” Ela
continua: “Bem e você?” Não resisto e caio na gargalhada. “Estou aprendendo”,
deixo claro à assessora. Confesso que, nesses dias, esqueci de perguntar onde
que ficarei para acompanhar os jogos na quadra Philippe Chatrier. Com
naturalidade e paciência, a hermana me avisa: “Lá de cima!”
A
tribuna de imprensa (pelo menos é assim que a chamo!) fica um andar acima da
Zona IBM, local onde estarei para conectar com o mundo durante o evento. Ao passar
pela porta de entrada, espanto-me com a vista – uma Chatrier de outro ângulo,
com a oportunidade de ver quase todos os detalhes do que acontece lá embaixo.
Não resisto e peço a uma colega japonesa a registrar o momento. Pena que a
sombra do local quase que não ajuda em nada na foto, mas tudo bem, a sensação
já se explica por si só!
Logo
em seguida, vejo uma partida bem fraca entre Zvonareva e Lisicki, que mais
parece uma “domingueira” no clube à tardezinha... “Bepa” (como é conhecida a
primeira) não está nada bem e a exibição poderia ser, infelizmente, trocada por
“show de horrores”... Depois, veio duelos entre franceses, Djokovic, mas a
melhor parte foi quando desci as inúmeras escadas da quadra e dou de cara
com... Sinclair! Sim, ele já se dirige à quadra com os pirralhos no encalço.
Não tenho dúvidas. Volto à tribuna!
| Serena "causou" ao lado de Bob Sinclair. Serena querendo se aparecer? Ah, vá! |
Que
show! Federer, Santoro, Escudé e Grosjean começam com um descontraído bate
bola, um prato cheio para jogadas de efeito por parte dos protagonistas –
Federer, então, nem se fala! Tudo ao som do DJ francês... Del Potro na cadeira,
Wozniacki, Lisicki, Na Li se juntam à festa, acompanhadas de perto por Djokovic,
Wilander, Murray... todos têm lugar reservado e o público vai ao delírio. A
popstar Serena Williams, que nem gosta de se aparecer, já entra em quadra e vai
direto para o lado de Sinclair. Aguenta ela agora!!
Só
me arrepia acompanhar tudo isso de camarote (literalmente falando!) e relembrar
que há pouco tempo achei que isso poderia ser apenas uma ilusão. Não é. Já toma
conta de mim, um fascínio que vou guardar para uma vida de experiências! À
tarde, após o almoço e o contato com a família, vejo pelos monitores na sala de
imprensa que um “Daniel San” está treinando em alguma das quadras secundárias.
Sim, é Thomaz Bellucci, nosso número 1!
Acompanho
de perto mais um de seus treinos – já vi de perto tantos lá no Brasil – e realmente
vejo o quanto este jovem se dedica nos treinamentos. Pode ser “amarelão” para
muitos (tenho uma opinião diferente, mas confesso que tem horas que dá vontade
de estrangulá-lo por alguns resultados...heheh), porém o esforço em cada bola,
em cada ponto é confortante! Após uma hora rachando no sol forte de Paris,
consigo contatá-lo para uma palavrinha. Ao meu lado, inúmeros fãs nos gritos “Belluttííííí”,
querendo autógrafos, um instante de fama com o ídolo. Uma mulher até
surpreende: “Thomaz, colocarei seu nome no meu filho!” Que beleza, não?
| Bellucci mostra grande empenho e dedicação nos treinos |
Missão
cumprida, de volta aos aposentos da estação Michel-Ange Molitor. Casa me
aguarda, ou melhor, hotel. Já estou me sentido à vontade demais, talvez? Em parte. Para
finalizar o dia com uma boa refeição, acompanham-me Dionne (sempre ela!) e o
sobrinho Paulinho, um estudante de Teleinformática e que dedica um tempo de sua
rotina para a companhia de sua simpática tia. Já passam da meia noite e nosso
bairro.. tudo fechado! Qual a saída? Metrô!! Não acredito e com direito a som ambiente no embalo de "Dança do Kuduro" e "Ai se eu te pego"...
É
impressionante como têm bastante gente ainda pelos lados debaixo da terra. “Tudo
indo pra balada!”, indico aos dois, que acenam positivamente com a cabeça.
Descemos na Pigalle e saímos em um verdadeiro antro de cabarés. Que fase, não?
Sexy shop aqui, ali, strip club, tudo que você possa imaginar.. No final,
paramos em um restaurante na Place de Clichy. Um escalope à moda de Normandia é
o escolhido. Um Bordeaux (creio eu!) para acompanhar e duas cocas para o “juvena”
que ainda está com tosse. Mas não resisto e aprecio o vinho à moda da casa! Que
final de noite! Seria perfeito se não fôssemos quase que expulsos do
estabelecimento.. Já eram duas da matina. Taxi de volta e histórias pra contar.
Amanhã é outro dia, “começa” (depende do referencial) Roland Garros. E eu?
Ainda estou aqui!
Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
27/05/2012
0 comentários:
Postar um comentário