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Aqui é Brasil!
Os últimos dois dias foram em ritmo
intenso, especialmente o primeiro, mas isso nem é minha justificativa pela ausência
no blog no dia de ontem. Para mim, ter a humildade de pedir perdão quando falta
com o compromisso é o dever de todo e verdadeiro autor. E , assim como o segundo post
desse diário de bordo, infelizmente terei que escrever o bastante, mas de uma
forma prazerosa para que não se dispersem tão fácil. Bom, na atual situação,
pago para ver!
A quarta-feira pode ser resumida em duas
palavras e meia: ‘Jeu, mademoisolle ______’. Já compreendo que teve início a chave feminina do torneio qualificatório ao
atravessar a Vers La Porte Molitor – o som dos árbitros já me dizem tudo. Roland
Garros é o único dos quatro Grand Slams (maiores torneios do circuito mundial) em que os juízes se dirigem ao placar em francês – nos demais Australian Open,
Wimbledon e US Open, o idioma, claramente pela colonização, é o inglês. E, além
disso, as mulheres “ganham” um tratamento mais formal do que os homens. Assim, “Mademoisolle”
aqui, “Mademoisolle” ali e Roland Garros se torna cada vez mais especial...
Vamos à ação! Na Philippe Chatrier quem
está? Não! Só acredito vendo... Sim, é verdade! O gênio está trabalhando.. ou
simplesmente Roger Federer. Quem acompanha um treinamento deste fenômeno do
esporte – essa é a real palavra – “tem vontade de sair”, explica Emerson Lima,
treinador de Thiago Alves que também não resistiu à tentação e foi conferir uma
sessão do suíço. É impressionante a técnica apurada nos golpes da base, na
aproximação à rede, voleios, smashs, defesa, ataque... É só escolher! Após o show,
essa é mesma a palavra certa, a criançada vai até ele pedir um autógrafo, uma
foto, uma recordação. Ah, que vontade de dar um bico naquela credencial e
dizer: ‘Roger, pode tirar uma foto comigo?’ Profissionalismo, às vezes, é um
banho d’água fria!
À tarde, encontro vários turistas
brasileiros pelo caminho. Ah, como é bom, às vezes, ouvir o bom e tão discutido
(inclusive por mim!) português. Nem se for o original como acontece em um
restaurante perto de onde estou hospedado. É de Niterói, do Espírito Santo,
Florianópolis, São Paulo, uma verdadeira cultura de miscigenação em plena
França! No último jogo do dia, Rogerinho vence um francês que mais parecia estar
dopado do que outra coisa – chegava em todas as bolas! – e me dá o direito de
voltar para casa... às quase 22h! Da Porte D’Auteuil até a estação Louis
Michel, onde sigo para meu covio, são cerca de meia hora. Chego, tomo um banho
e saio, mas cadê Paris acordada quando mais preciso?
O dia amanhece muito rápido em Paris (é
o desespero do acordar cedo!) e já pulo para o café da manhã reforçado do
hotel. Ali, aguarda-me Dionne, aquela filha do Seu Felipe, que seguiu viagem
pela Europa. A procuradora da fazenda, que mora em Brasília, é a calma em
pessoa! Na base do “sou feliz e procuro viver à vida da melhor forma”,
convida-me para passar a manhã do dia em um ônibus a fim de conhecer os principais
pontos turísticos da cidade. Hesito e depois o trabalho que me perdoe, mas Paris
não está aqui todo dia à nossa frente.
Descendo na estação Ópera, eu e Dionne
seguimos passeio pela região do Moulin Rouge, da Galeria Laffayete, Praça de Madeleine. Porém, trocar de veículo é importante para mesclar com outra das
quatro zonas principais do tour. O tempo é curto e, dessa forma,
escolhemos a rota da Torre Eiffel. Assembleia Nacional, a bela estação de trem
Garu du Nord, o Rio Sena, Arco do Triunfo e a belíssima Champs-Elysees eram
realidades completamente distintas para um interiorano como eu há uma semana.
Assim que boto o pé na quadra 11 para
ver o jogo de Thiago Alves, o preparador Edu Faria me aborda: “Olha o soneca!”
Pois é, tô pagando os meus pecados por fraquejar em um momento do cansaço
acumulado de dias sem dormir, dores nas costas... Mas gosto de ficar perto de
caras como eles.. Junto com João Zwetsch, Edu já passou muito tempo no circuito
e conhece os macetes também para quebrar o gelo quando necessário!
Infelizmente, o brasileiro vem a perder,
mas aproveito a oportunidade para dar um pulinho na Chatrier. Ontem teve
Federer né, quem sabe não... Sim! Rafael Nadal está lá na companhia do fiel
escudeiro, o tio Toni. Aproveito a estadia próximo da quadra para anotar
algumas imagens do hexacampeão do torneio e que poderá fazer sucesso em 2012 se
levar o sétimo caneco. Em minha companhia, uma jornalista russa. Arrisco um
inglês e já tenho a simpatia da repórter de uma revista especializada e o
contato para qualquer resposta de um jogador deles. Afinal, Copa Davis está aí,
não pode-se esquecer que brasileiros estão no caminho da Perestroika novamente, mas
me impressiona a própria Natalie: “Não sabia que pegaríamos o Brasil!” Parece
que o “soneca” não é o único que anda dormindo...
No caminho de volta, a fome se junta com fraqueza e, talvez, preconceito contra os franceses. Desde o começo
da viagem, já percebo que tanto homem quanto mulher, seja do engravatado até o
mendigo, tem o mesmo cheiro! A lenda do perfume tem procedência, isso não é o
que mais me incomoda, afinal São Paulo também tem metrôs superlotados, no
entanto me assusta o certo desprezo com o odor que parece estar impregnado em mim...
Chega a arrepiar! E quando o veículo vem lotado como foi ontem, que só fui
chegar em casa no anoitecer da “late” Paris (a cidade começa a escurecer a partir das
21h), a sensação é pior. Não sei se vem dos trilhos do metrô, das ruas ou se
posso estar “viajando na maionese”, mas não trocaria meu Brasil por nada no mundo! Não é crítica de forma alguma, é apenas uma impressão de quem está há
cinco dias e observa muito bem as situações...
Falar que vim a Paris e passei
fome pode soar um absurdo para quem lê meus relatórios, mas comer bem ainda não
me aconteceu na viagem! Capital da moda, principais metrópoles do mundo, organização
perfeita da linha metroviária (isso não posso negar!), tudo isso cabe aos franceses.
E a educação que achei que seria mais difícil por aqui ainda não repercutiu
informações indesejáveis. O problema é quando você acaba expulso do restaurante
à meia noite tentando fazer uma refeição decente! Me diga, quem no Brasil faz
assim? Em jogo de futebol, daria morte no boteco. Aqui, já é outro dia. Como o
tempo passa rápido! Bom, enquanto isso, vou vivendo...
Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França) - 25/05/2012
3 comentários:
Boa Matheus! Já tá um europeu, hein cara! Pegando metrô e tudo.
Deve ter sido emocionante ter chegado próximo ao Federer e Nadal. "Ah, que vontade de dar um bico naquela credencial e dizer: ‘Roger, pode tirar uma foto comigo?’ Profissionalismo, às vezes, é um banho d’água fria!" haueahueaheuaeuaehuaehaueauehaeuaeuaeauehauehaeue. Por aqui, como você já deve estar bem sabendo graças à grande rede, o nosso Verdão depois de uma década voltou à semi da Copa do Brasil. Ufa, quanto tempo... Já aquele timinho da zona leste de SP vai encarar o Santos, de Neymar, na semi da Liberta. Nunca torcerei tanto pelo jovem prodígio como agora!
Abraço,
Boa sorte na sua jornada.
p.s.: Uma pena o T. Alves ter sido eliminado. =(
Menino, parabéns! Seus textos são um deleite para minhas tardes corridas aqui na ECT. Tenho acompanhado seu blog desde sua partida para o velho continente e me delicio a cada dia, vendo como num filme, as cenas de sua saga na cidade luz. Imaginava que ver de perto o Federer e o Nadal era algo indescritível, mas suas exclamações foram a tradução perfeita da sensação que eu teria se estivesse no seu lugar...rsrs
Aproveite bem sua estada em Paris, viu! E não deixe de ir à Sacre Coeur, tá? É um lugar mágico, você vai entender.
Beijo grande pra você e muito boa sorte nessa sua aventura!
Kátia Carrero
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