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Français? Aqui é português!
Prometo um dia, entro em contradição no
outro... vai entender! O ideal dessa viagem era “um dia off”, como diz a simpática
Lucia Hoffman no momento em que me acompanha no jantar após outro dia agitado
em Porte D’Auteuil!
Às 20h, decidimos zarpar do mundo do
tênis- que teve Azarenka, Federer, a doce Ivanovic e a nem tão inesperada
derrota de Venus Williams – para apreciarmos um pouco da culinária francesa
ainda aberta. Para não correr riscos, vamos até Abbesses, onde passamos
próximos da Place de Clichy. Opa, eu já estive aqui! É incrível, em menos de
duas semanas, já conheço por onde piso em uma metrópole do tamanho de Paris.
Nada mal...
De tantas opções do lugar que já não
recordo mais o nome [apenas lembro do garçon argentino que nos atende], escolho
o mais simples e prático aos meus olhos – sobrecoxa de frango assado! De
sobremesa, “crepe de Nutellá”, como indica à moda da casa! Valeu a companhia,
Lucia! Desde o jogo de André Sá na quadra 16 lá pelas sete da noite, não? Ou
seria da tarde ainda aqui na França?
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| Começo e fim do dia nas mãos dos lusos em Paris! |
A volta pelo metrô, debaixo da chuva
parisiense, é tranquila e a noite passa assim como é no dia... voando! Parece
que nem dá tempo de descansar! Ao acordar, mato a saudade de uma amiga que
“madrugou” da outra parte do Atlântico! Começou bem meu dia.
Sem tempo para o metrô, me contento em
um táxi nas redondezas. “Do you speak
English?”, começo. “No english”, responde-me o sujeito que indica “Français ou português”.
“Português, português!”, não perco tempo. Oliveira Manuel, ou simplesmente
Olivier Manuel mora na França há mais de 30 anos e veio com a família fugindo
da ditadura salazarista. Um papo aqui, um papo ali e descubro que o homem é
casado e tem três filhas com também uma refugiada do Estado Novo Português. Que
história!
Boto o pé no complexo e quem vejo? Rui
Machado! Pra aqueles que não conhecem, o nome faz jus a uma figuraça do mundo
do tênis português. Lembro-me quando o rapaz jogou um torneio em Rio Preto no
ano passado. A cada erro: “Quadra do caralho!” “jogo de merda” e afins foram o
arsenal oral de Rui. Dei risada na hora que o avistei no sofá de entrevistas
atrás de onde me sento!
Para completar a graça, chego-me à mesa
e lá está Lucia, a assessora argentina do torneio. Que simpatia, preciso dizer
novamente! Parece me aguardar ao soltar um “Bom dia!”. “Buenos dias”,
contrario. Daí, ela me vem com essa: “Uma amiga minha de São Paulo mandou te
dizer que você é um fanfarrão!” Não acreditei! Na hora, juro que não me segurei
de riso... e nem ela! A argentina me sacaneando... em minha própria língua!
Deixa ela! A verdade é que estar em um lugar estranho, a saída é procurar quem
mais você entende! Neste caso, os hermanos (sim, à frente dos brasileiros e
portugueses) estão em primeiro lugar!
Na companhia ali na sala da IBM, converso com meus colegas húngaros que
sentam todos os dias no mesmo lugar. Até me ensinaram o “obrigado” deles
– “köszönöm”. Outros me confortam com o poder de algumas palavras – os
jornalistas argentinos, um ou dois franceses e os turistas que encontro
passeando desordenadamente em Roland Garros. Já foram torcedores do
Atlético-MG, do Figueirense, do Corinthians... impressionante como há
brasileiros por aqui! Na partida de Marcelo Melo hoje de tarde, vi muitos,
inclusive, Bellucci. Sim, ele ainda está aqui!
Finalmente conheci a área de imprensa
da Suzanne Lenglen e confesso que fiquei abismado... passo debaixo da quadra e,
de repente, você está em uma espécie de camarote bem atrás dos jogadores! Já
saí do negócio e dou de cara com Tsonga.. que privilégio!
Poderia passar um post inteiro falando
do maior espetáculo (quando falo “maior” refiro-me à duração!) que tive o
prazer até aqui de vivenciar em um estádio de tênis – John Isner, já conhecido
por sua maratona em Wimbledon há dois anos, contra Paul-Henri Mathieu.
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| Já era no anoitecer de Paris e estava ainda eu em Roland Garros né, Mathieu? |
Philippe Chatrier quase lotada. Torcida
francesa incendiada, bandeiras na quadra, mais de 5 horas e meia de jogo. Meu
Deus! Cada ponto do francês era uma adrenalina nota 1000! Confesso que sempre
simpatizei com Mathieu – e não é porque ele é meu xará em francês. Bom, pode
ser! – e como é bom vê-lo voltar à Chatrier em grande estilo! 18x16 na parcial
decisiva – 5h44min. Segundo jogo mais longo da história de Roland Garros. Ficar
até às 22h para acompanhar sua coletiva foi o certo a se fazer. Não haverá
outras como essa tão cedo para mim.
Ao sair do complexo, não resisto e pego
um táxi. “Vai para onde?”, pergunta-me Nelson, OUTRO luso. Não acredito. Sigo
até o hotel, onde rumo a um restaurante aberto pela redondeza. Onde? Comida
portuguesa! Parece sacanagem, mas não é. O dia é deles! Ou melhor, o dia é meu
em um bom português europeu!
Por Matheus Martins Fontes
Direto de Paris (França)
01/06/2012











